sábado, 29 de setembro de 2012

POEMA PEDAGÓGICO - ANTON MAKARENKO






SINOPSE OFICIAL (site: http://editora34.com.br):
Redigido entre 1925 e 1935 sob o incentivo constante do escritor Maxím Gorki, Poema pedagógico é uma obra única que, por um lado, se lê como um romance da mais alta qualidade literária; por outro, traz o relato de uma das experiências mais singulares, radicais e bem-sucedidas da história da educação — a Colônia Gorki, na União Soviética, que, de 1920 a 1928, transformou centenas de menores abandonados e jovens infratores, muitos com várias passagens pela polícia, em ativos cidadãos.
     Com matéria extraída da vida real e personagens de carne e osso que marcam fundo a imaginação do leitor, Anton Semiónovitch Makarenko (1888-1939) narra com impressionante franqueza o dia a dia da colônia — os altos e baixos, os dilemas, o aprendizado na base da tentativa e erro, as duras conquistas —, num processo em que a experiência conduzida por ele e seus educandos, baseada no conceito de um coletivo autogerido, se vê constantemente ameaçada pelos entraves da burocracia e pelas autoridades pedagógicas da época.
Construído numa linguagem fluente e direta, de grande riqueza de registros — reproduzida com toda força e criatividade na tradução de Tatiana Belinky —, este livro, atualíssimo na forma e nos problemas que aborda, não só firmou o nome de Makarenko como um dos grandes educadores do século XX, como realizou uma proeza rara: ser, ao mesmo tempo, clássico e revolucionário.






O Poema Pedagógico é um relato da vasta experiência do pedagogo ucraniano Anton Semionovich Makarenko (1888 – 1939) durante o período em que ele dirigiu a instituição que ficou conhecida como Colônia Gorki e que era responsável pela reintegração social de jovens soviéticos “transviados”. 
O livro de Anton Makarenko é uma espécie de romance, com direito a belas descrições e produndas caracterizações das personagens; todavia, o que torna esse livro realmente interessante são as diversas passagens reais em que ocorrem aprendizados importantes de Makarenko e de seus “gorkianos” sobre o valor do trabalho em função de um coletivo autogerido.
Desde o início do trabalho de Anton Makarenko na Colônia Gorki, estabeleceu-se uma cultura voltada para o trabalho gerida pelos próprios colonistas, que trabalhavam algumas vezes em três turnos para darem conta das tarefas de cada um dos “destacamentos” da colônia. Essa cultura, composta de muitos valores e rituais compartilhados entre os membros da colônia, rendeu muitas críticas ao modelo pedagógico criado por Anton Makarenko, que além de enfrentar cotidianamente inúmeros entraves burocráticos, foi perseguido implacavelmente por seus pares que consideravam-no muito autoritário e antipedagógico – não necessariamente nesta ordem.
Na Colônia Gorki, os gorkianos trabalhavam para manterem o “Coletivo” funcionando e, embora respeitassem e tivessem muito afeto por Anton Makarenko, seus interesses estavam relacionados ao próprio trabalho como maneira de encontrar uma libertação de seu passado e presente desgraçados e reiniciarem suas vidas produtivas na nova e revolucionária sociedade soviética recém-estabelecida. Para Anton Makarenko, pouco importava o que havia no passado de cada colonista, desde que este estivesse disposto a se adaptar à cultura da Colônia Gorki voltada ao trabalho como meio de realização dos sonhos coletivos.





Os acontecimentos narrados no livro se passam na Ucrânia entre 1920 e 1928 e é impossível pensar na proposta pedagógica de Anton Makarenko sem contextualizá-la aos acontecimentos políticos e culturais que se desenrolavam na recém-estabelecida União Soviética. Neste sentido, não é possível fazer um recorte da proposta de Makarenko e replicá-la em outros períodos e países por sua própria natureza e estrutura. Entretanto, isso não desvaloriza as numerosas pérolas espalhadas ao longo deste livro, relacionadas à estúpida e pretensiosa sabedoria acadêmica, aos problemas do comunismo posto em prática, às fantásticas criações e desenvolvimento de seres humanos, etc.





Em suma, gostei muito deste livro. A edição da Editora 34 tem 656 páginas com tradução de Tatiana Belinsky e pósfácio de Zóia Prestes. Recomendo a leitura do Poema Pedagógico à pedagogos e demais pessoas interessadas em educação e cultura soviética de um modo geral.
  


TRECHO:
“Claro que se travava de menores abandonados e transviados autênticos, mas não eram, por assim dizer, do tipo clássico. Por alguma razão desconhecida, na nossa literatura e na nossa intelligentsia, formou-se sobre o menor abandonado a imagem de uma espécie de herói byroniano. O transviado é antes de tudo como que um filósofo, e, além disso, muito espirituoso, anarquista e demolidor, vagabundo debochado e inimigo de absolutamente todos os sistemas éticos. Os lacrimosos e assustados ativistas pedagógicos acrescentaram a essa imagem todo um sortimento de plumagens mais ou menos frondosas, arrancadas dos rabos da sociologia, da reflexologia e de outros dos nossos parentes ricos. Eles acreditavam piamente que os menores abandonados são organizados, que possuem líderes e disciplina, toda uma estratégia de ação criminosa e regras de comportamento interno. E nem mesmo lhes pouparam termos científicos especializados: ‘coletivo autogerado’, e etc.” 





sexta-feira, 2 de março de 2012

Caixa Gorki - Trilogia Autobiográfica




“Eu me vejo na minha infância como uma colmeia, aonde várias pessoas simples, insignificantes, vinham, como abelhas, trazer o mel de seu conhecimento e das reflexões sobre a vida, enriquecendo generosamente o meu espírito, cada um como podia. Muitas vezes, acontecia de esse mel ser sujo e amargo, mas todo conhecimento era, mesmo assim, um mel.”



Aleksiéi Maksímovitch Piechkóv (1868-1936) nasceu em Níjni-Nóvgorod e se consagrou na literatura com o pseudônimo Maksim Górki (Máximo, o Amargo). Filho de um estofador, o jovem Aleksiéi perdeu o pai muito cedo e foi morar com os pais de sua mãe – que depois viria a se casar com outro homem e deixaria seu filho Aleksiéi para ser criado pelos avós. Como consequência, recebeu uma profunda influência de sua amada avó materna – na qual demonstraria um intenso e imenso carinho nos livros Infância e Ganhando meu Pão. Ele descreveu sua avó como uma bondosa senhora muito caridosa e generosa, que contava diversas histórias folclóricas e lendas locais que encantaram o então pequeno Aleksiéi e que influenciaram a sua gloriosa carreira como um dos grandes contadores de histórias da literatura russa.

Após uma infância pobre, sem muitos recursos materiais ou alternativas de enriquecimento pessoal, Máximo, o Amargo, mudou-se para Kazan em 1884 (aos 16 anos) com a esperança de ingressar na universidade local – onde jamais pôde ingressar. Nas palavras de Górki:


“E lá estava eu numa cidade semitártara, num quarto apertado de uma casa de um só andar. A casinha sobressaía isolada numa colina, no fim de uma rua estreita e pobre, uma das paredes dava para um terreno baldio que sobrara de um incêndio e nesse terreno cresciam densas ervas daninhas, e no meio das moitas de absinto, de bardana e de azedas-bravas, no meio dos arbustos de sabugueiros, erguiam-se as ruínas de um prédio de tijolos, ao pé das ruínas havia um vasto porão, ali moravam e morriam cães abandonados. Eu gostava muito desse porão, uma das minhas universidades.”



Em suas andanças por milhares de verstas na Rússia, Górki trabalhou como ajudante de sapateiro, lavador de pratos, assistente de arquiteto, pintor de ícones, estivador, cantor de coro e padeiro, conhecendo neste caminho grupos populistas, intelectuais revolucionários, pregadores cristãos e tolstoianos, pescadores, ladrões, guardas, pequenos-burgueses e suas esposas, prostitutas, andarilhos bêbados, soldados violentos e muitos mujiques ignorantes e perversos – que desde cedo convenceram-no da ideia de que não poderiam ser eles a encarnação das maiores virtudes humanas como pregava então na época a intelligentsia russa de um modo geral.

Não conseguindo encontrar um sentido para a existência e cansado do sofrimento incessante e paradoxal da vida cotidiana, tentou matar-se com um tiro no peito, mas fracassou também nesse projeto suicida, fato este que contribuiria em muito para o aparecimento da tuberculose que o atormentaria pelo resto da vida.

Os livros lidos por ele, naturalmente, representavam uma possibilidade de transcendência imaginária perante a realidade limitada do jovem Aleksiéi Maksímovitch. Além de suprirem a carência dos estudos regulares de uma universidade convencional - que nunca ocorreriam na vida dele -, os livros representavam uma possibilidade de superação de sentimentos e ideias vivenciadas que não encontraram resposta nem vazão na realidade presente:


“Freqüentemente, conto a ele [a Iákov ,em Ganhando Meu pão] toda espécie de histórias que li nos livros; todas elas se emaranharam, se confundiram em mim, fervendo, numa história bem comprida de uma vida inquieta, bonita, repleta de fogosas paixões, loucas proezas, uma nobreza purpúrea, êxitos fantásticos, duelos e mortes, nobres palavras e ignóbeis ações. [...] Essa história, em que eu, conforme a inspiração, modificava os caracteres das pessoas e transferia os acontecimentos, constituía para mim um mundo em que eu era livre como o Deus do vovô: também ele brincava com tudo a seu bel-prazer. Não me impedindo de ver a realidade tal como era, não esfriando a minha vontade de compreender as pessoas vivas, esse caos livresco protegia com uma nuvem transparente, mas intransponível, de uma porção de lama infecta, das peçonhas da existência.”



Ao longo de sua vida, Górki teve uma vida muito intensa envolvida em muitas polêmicas, tornando-se amigo de personalidades como Liev Tolstói – que chamaria Maksim Górgki de um grande escritor com um “coração inteligente” –, Anton Tchekhov – que renunciaria à sua cadeira na Academia de Ciências Russa após a recusa dos membros desta instituição em incluir Máximo Górki neste grupo seleto -, Isaac Babel – que foi apadrinhado literariamente por Máximo, o Amargo – e Anton Makarenko – que graças ao enorme incentivo de Górki escreveu o belíssimo Poema Pedagógico. Contudo, Maksim Górki também teve grandes divergências provocadas por seus posicionamentos éticos, políticos e estéticos - com figuras históricas como Roosevelt, Lênin, Stalin, Soljenitsin, etc. - que forçaram-no a sair e voltar da Rússia em inúmeras oportunidades. Polêmicas a parte, penso que esses três livros que compõe a autobiografia de Górki sobrepõe em termos de importância literária qualquer julgamento que possamos ter de sua personalidade e de seus posicionamentos estéticos, éticos e políticos.

Os livros Infância, Ganhando meu Pão e Minhas Universidades têm um estilo muito elevado, sendo assim uma tarefa muito difícil categorizá-los meramente como ensaios memorialísticos ou romances autobiográficos. Talvez esses três livros representem uma síntese dessas duas categorias de gêneros literários, e, como toda síntese, correspondam a algo maior do que a mera soma das partes. Seria um desprestígio à Literatura dizer que estes livros possuem momentos cinematográficos, embora a fluência do texto e a força impressionante das imagens narradas possa tornar natural esta comparação. Mas a trilogia autobiográfica de Górki, conforme foi citado no início deste texto, é literatura pura, ou seja, só poderia ser gerada e representada na beleza cadenciada proporcionada pelo manuseio de caracteres linguísticos.

Enfim, eu tenho impressão que a Rússia apresenta e representa o que existe de melhor na literatura mundial entre a segunda metade do Séc. XIX e parte da primeira metade do Séc. XX. A trilogia autobiográfica de Maksim Górki (Infância, Ganhando Meu Pão e Minhas Universidades, lançados em 1914, 1916 e 1923 respectivamente) provavelmente não será lembrada no futuro como um dos grandes marcos da História da Literatura, embora tenha sido para mim uma experiência literária muito rica, escrita por um autor muito humano e sensível, e que apresenta uma prosa muito límpida e carregada de sentimentos fortes, francos, belos e amargos. As edições foram editadas e lançadas no Brasil em 2007 pela Editora Cosac Naify com acabamento editorial caprichado e prefácio, posfácio e traduções de Rubens Figueiredo (que ganhou recentemente mais um prêmio Jabuti com seu livro Passageiro do Fim do Dia) e Boris Schnaiderman (que dispensa apresentações). Recomendo a leitura dos três livros - principalmente Ganhando Meu Pão, o melhor da trilogia na minha opinião – aos interessados em literatura russa, romances memorialísticos e ficção documental.












terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Duplo - Dostoievski



Eu li recentemente O duplo (Editora 34, 240 p.) e curti bastante esse livro. A tragicomédia do Sr. Goliadkin é cheia de momentos impagáveis relacionados à sua incoerente autoimagem e seu relacionamento (psico)patológico com a realidade de um modo geral.


Resumidamente, a história começa com as aventuras do Sr. Goliadkin na tentativa de causar uma boa impressão em um evento na qual não foi convidado. Logo no segundo capítulo, ele encontra um médico - semelhante a um psiquiatra - que recomenda-lhe dar um tempo nas atividades atuais e descansar a mente pois "nosso herói" parece cada vez mais desequilibrado. Ele ignora os avisos do médico e como conseqüência... bem, como conseqüência, temos uma história divertidíssima que é muito mais uma tragédia do que proriamente uma comédia.

A narrativa em si merece um destaque especial. A "voz" do narrador é afetada mas bem original e dentre os livros que eu li do grande Dosta esse é o livro mais engraçado de sua obra. Ainda hoje dou risadas ao lembrar de algumas passagens trágicômicas envolvendo o "nosso herói" Sr. Goliadkin e seu "vil desafeto" Sr. Goliadkin segundo.

Um detalhe que eu achei bem interessante é a proximidade de algumas características psicológicas entre o Sr. Goliadkin e o personagem-narrador de "Memórias do Subsolo". No posfácio de o Duplo, Paulo Bezerra comenta que o jovem Fiódor demonstrava muito interesse em estudar psicopatologias originadas por fatores emocionais. Isso esclarece um pouco a facilidade que Dostoievski tinha em representar ao longo de sua obra de maneira tão perfeita uma galeria tão rica de personagens paranóides e esquizóides.

Enfim, esse é um livro engraçado, que envolve uma brilhante análise psicológica de um certo tipo de dissociação/alienação mental e é recomendável para estudantes e profissionais da psiquiatria, da psicologia e para todos aqueles que gostaram de outras obras de Dostoievski. Aproveitem pra pesquisar pela internet, pois existem muitos sites vendendo esse livro com no mínimo 30% de desconto sobre o preço de capa (uns R$40,00 se eu não me engano). Eu comprei esse livro AQUI e recomendo fortemente a leitura dessa novela singular...

Selva de pedra



Espio pela janela de um apartamento, no alto de um edifício. 
É noite e abro apenas uma fresta que refresque a sala, pois chove muito lá fora. 
Eles estão debaixo de um toldo...
Sinto compaixão pelo estado deles, mas o que eu posso fazer? 
Toda noite vejo alguns deles caçando lixo ou procurando em bando por abrigo. 
Olho agora pros que estão ali. 
Dois deles começam a brigar. 
Boca no pescoço, pescoço na boca. 
Não vejo sangue, mas pode ser a chuva. 
O perdedor foge – do vencedor ou de sua derrota imagética? 
Então explode na rua um grito de surpresa. 
Foi o último de uma vida. 
O motorista do Fox não desacelera nem por curiosidade. 
É só mais uma vítima do acaso e do descaso. 
É só mais um animal morto nesta cruel selva de pedra.

sábado, 3 de setembro de 2011

Sobre Os Irmãos Karamázov


Levei mais ou menos dois meses para ler Os Irmãos Karamázov, mas confesso que "Os Demônios" foi pra mim uma leitura mais instigante e agradável do que OIK.

Contudo, após a leitura dOs Demônios, raras foram as vezes em que eu me lembrei de algo que tivesse chamado a minha atenção durante a leitura deste livro, bem diferente do que tem acontecido com OIK. Eu terminei a leitura dos Karamazov em julho deste ano e de lá pra cá parece que eu continuo fazendo 'releituras' e reflexões constantes sobre este livro.

De vez em quando cai uma ficha sobre como os temas "honra", "moral", "dignidade" "psicologia", "crime", "violência", "cristianismo", "niilismo", dentre outros, foram absurdamente bem trabalhados em termos literários. Quando eu digo em termos literários, eu me refiro a algo que está quase dito pelo autor, mas que só passa a ser dito de fato (dentre algumas interpretações possíveis) pela nossa própria voz.

Por exemplo, na minha interpretação dos Karamazov, cada um dos irmãos Karamazov tem um posicionamente ético-político acerca da moral na sociedade. Por exemplo, Mítia me parece alguém imoral - embora seja honrado e digno; Smerdiakov é alguem amoral - e que erra feio ao pensar que Ivan, cético e intelectual, também fosse amoral; Aliocha, naturalmente, se pauta numa moral cristã, enquanto Ivan, no meu entendimento, TRANSCENDE o conceito de moralidade, numa perspectiva nem moral, amoral ou imoral, cujo único norte é a responsabilidade ética e a dignidade humana alimentada por sua honra pessoal. Acho, inclusive, que esse é o grande legado desse livro: um sutil discurso anti-niilista sobre uma nova proposta filosófica e ideológica de moral, pautada na ética cristã e na dignidade humana que será forjada gradativamente por nossa honra pessoal.

Enfim, pode ser "altas viagem" essa que eu escrevi sobre a questão moral e ética dOs Irmãos Karamázov, e possivelmente Dostoievski não quis dizer exatamente aquilo que nós leitores entendemos que ele disse em suas obras, mas é por possibilitar reflexões preciosas como essas que eu procuro ler os grandes clássicos da Literatura de um modo geral. Nesse sentido, OIK não foi a leitura mais prazerosa que já fiz, mas com certeza é um dos livros que eu mais reli na vida sem precisar tocar novamente em uma página sequer.

Os Irmãos Karámazov e Dostoievski são imprescindíveis!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Primeiro segundo terceiro

 
A intenção com esse blog é ser o mais honesto possível em algumas considerações acerca de qualquer coisa. Creio que a discordância é sempre importante, pois é da tensão e do conflito que se fazem os diálogos.
Não tenho religião nem acredito em verdades absolutas, mas acho que as certezas e as convicções são indispensáveis à vida.
Enfim, espero fazer algumas resenhas, resumos e (futuramente) ensaios sobre temas livres, embora no momento o que me motive a blogar sejam as releituras de um modo geral.
Parafraseando Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa), se o que eu deixar escrito no blog puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também.