sábado, 3 de setembro de 2011

Sobre Os Irmãos Karamázov


Levei mais ou menos dois meses para ler Os Irmãos Karamázov, mas confesso que "Os Demônios" foi pra mim uma leitura mais instigante e agradável do que OIK.

Contudo, após a leitura dOs Demônios, raras foram as vezes em que eu me lembrei de algo que tivesse chamado a minha atenção durante a leitura deste livro, bem diferente do que tem acontecido com OIK. Eu terminei a leitura dos Karamazov em julho deste ano e de lá pra cá parece que eu continuo fazendo 'releituras' e reflexões constantes sobre este livro.

De vez em quando cai uma ficha sobre como os temas "honra", "moral", "dignidade" "psicologia", "crime", "violência", "cristianismo", "niilismo", dentre outros, foram absurdamente bem trabalhados em termos literários. Quando eu digo em termos literários, eu me refiro a algo que está quase dito pelo autor, mas que só passa a ser dito de fato (dentre algumas interpretações possíveis) pela nossa própria voz.

Por exemplo, na minha interpretação dos Karamazov, cada um dos irmãos Karamazov tem um posicionamente ético-político acerca da moral na sociedade. Por exemplo, Mítia me parece alguém imoral - embora seja honrado e digno; Smerdiakov é alguem amoral - e que erra feio ao pensar que Ivan, cético e intelectual, também fosse amoral; Aliocha, naturalmente, se pauta numa moral cristã, enquanto Ivan, no meu entendimento, TRANSCENDE o conceito de moralidade, numa perspectiva nem moral, amoral ou imoral, cujo único norte é a responsabilidade ética e a dignidade humana alimentada por sua honra pessoal. Acho, inclusive, que esse é o grande legado desse livro: um sutil discurso anti-niilista sobre uma nova proposta filosófica e ideológica de moral, pautada na ética cristã e na dignidade humana que será forjada gradativamente por nossa honra pessoal.

Enfim, pode ser "altas viagem" essa que eu escrevi sobre a questão moral e ética dOs Irmãos Karamázov, e possivelmente Dostoievski não quis dizer exatamente aquilo que nós leitores entendemos que ele disse em suas obras, mas é por possibilitar reflexões preciosas como essas que eu procuro ler os grandes clássicos da Literatura de um modo geral. Nesse sentido, OIK não foi a leitura mais prazerosa que já fiz, mas com certeza é um dos livros que eu mais reli na vida sem precisar tocar novamente em uma página sequer.

Os Irmãos Karámazov e Dostoievski são imprescindíveis!